quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Olho no espelho e me vejo ao meu lado

Posto-me frente ao espelho. Miro-me, atiro-me.
Tanto me olho, não por vaidade ou por narcisismo. Por egoísmo então seria? Seriamente esguia minha vergonha face ao ego, tanto nego, tento tanto.
- Vai à merda, nêgo ego!
- Ô, meu preto - responde-me meu ego - se à merda eu for, não te iludas, junto declina tua auto-estima.
Mas que clima! Eu sozinho, pianinho, minha imagem, eu reflito, aflito e o espelho não nega. Vago em pensamentos, cego para os lamentos.
Busco então estar tranquilo. Todavia, sem vacilo, corri louco e ofegante ao primeiro sinal que lançou minha amante. Minha mente agora entende, de egoísmo não se trata, apenas fora ausência de afago.
- Por sua vez, por outro lado, egocentrismo traz prejuízo, ego amigo.
E o ego, à casa do caralho! Sou nada e sou supremo, suprassumo do sem rumo, destinado ao avesso.
Minha história se constrói do fim para o começo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Máscara, lamento

Estende as mãos com angústia, regado a desespero
Nem mais o desespero lhe serve de consolo
Com seu ouro de tolo, com manchas pela alma

Algo ou alguém que lhe acalma...

Lhe doem sentimentos, li "doem sentimentos",
Li, recentemente, dor, ressentimentos,
Doem sentimentos. Dôem mantimentos?
Vendam sentimentos.

Máscara e lamento.

terça-feira, 17 de março de 2009

Torto poeta em declínio

Quando você está na derrota, faz sol ou é o meio da noite?
Se no escuro uma chuva de açoite remove sua maquilagem,
O seco pede passagem... Viagem, lavagem, sem cortes ou montagens,
Os traços por baixo da imagem ressurgem mais fortes que antes.

E antes que a mão se levante, para refazer certos traços,
A mente provoca embaraços, erguendo e abatendo o bagaço
Dos laços de um ex-raciocínio,

E, em face antipática a Plínio, salgado, integral, retilíneo,
Refino esse torto poeta em declínio.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Questão, digestão. Vida, gestação.

Alguém quer a própria vida desprovida de gestão?
Alguém quer a própria vida? Desprovida gestação.
Alguém quer a própria vida desprovida? Digestão.
Questão. Vida. Gestação. Gastação.

Rumo outro

Por favor, não espere por mim. Eu não vou chegar aí.
Pois peguei outro caminho. Pode assistir ao show daí se quiser sozinho.
Sozinho não, junto com todo mundo.
Para mim, já é hora de outro rumo. Pode ficar assistindo, outros estarão atuando. Como ficar aturando essa chatice repetida?
Permaneça na sua, se preferir... Indeciso entre chorar ou rir, exatamente como eu.
Não me encha mais o saco. Paciência é uma curva. E morei perto, mas estou tão longe dela.
Vísceras.

Como a princípio o fim

Eu sinto muito, mas tá bem difícil ver algum sentido nisso.
Eu pouco minto, mas dessa vez da história eu inventei o início.
E posso até reconhecer alguns valores, mas não mais princípios.
Pois, se dessa história criei o início,
Com princípios eu me contradigo, digo
Fui poeta, hoje nem consigo.

sábado, 14 de março de 2009

Pluriverso mistério

Pluriversos

Talvez o Universo já não me sirva mais.
Estou encantado pelos pluriversos, quase dispersos, sempre diversos
Versos sem rima, versos sem tempo,
Aversões, versões, emoções... Escassas, múltiplas, quase nada absolutas.
Como determinar então? Como moldar?
E como terminar?

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Estamos todos atrasados e a ponto de surtar
Sujeitos a equívoco e a ponto de surtar
Aqui permaneçamos, no ex-pacífico ponto
No ponto de surtar